
Episódio # 04 - A dimensão fenomenológica e transcendental da matriz Neo-Pagã do conceito de Natureza («das Coisas») em Fernando Pessoa
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A religião pagan é politheista. Ora a natureza é plural. A natureza, naturalmente, não nos surge como conjunto, mas como «muitas cousas», como pluralidade de cousas. Não podemos afirmar positivamente, sem o auxilio de um raciocínio interveniente, sem a intervenção da intelligencia na experiencia directa, que exista, deveras, um conjunto chamado Universo, que haja uma unidade, uma cousa que seja uma, designável por Natureza.(…) (A. Mora,ORD,II, 157, 21-13r) //A Natureza é partes sem um todo(A.. Caeiro) O conceito de Natureza em F. P constitui uma das matrizes do seu pensamento e obras, quer poéticas quer ensaísticas, sendo, como não podia deixar de ser, pilar recorrente da própria heteronímia. Nela assenta a própria «tentativa de reconstruir/reformar o (Neo-)Paganismo», base da defesa do «Regresso dos Deuses» nas suas diversas formas. As duas obras teóricas em que se apoia esta «defesa/reconstrucção», «nos seus dois ramos divergentes, o neo-paganismo portuguez» são «o Regresso dos Deuses de António Mora, e o Paganismo Superior de Fernando Pessoa» (LFBT,ORD, I,5). Caeiro, poeta materialista, «filho» de Lucrécio e do «naturalismo grego», é, de facto, «o S. Francisco de Assis do novo paganismo» (LFBT,ORD, II, 215) e, por isso, o «reconstructor/reformador do paganismo» de que o Dr. A. Mora é o seu «continuador filosófico». Se, em Caeiro, «Guardador de Rebanhos» que, afinal, são os pensamentos, assistimos à «Entrega» e «Eterna Criança»; em Reis, poeta Horaciano, manifesta-se o «diálogo dentro da Natureza» e a «Indiferença»; Campos, por sua vez , nesta tipologia, elabora «súplicas à Noite», ao «Instinto de Morte» e à «Viagem de regresso», tendo a «mala» como símbolo de Viagem da Vida e a Terra como «Mãe verde», «Mãe carinhosa» e «vertiginosa» nessa «excentricidade caótica» de ressonâncias vergilianas («Iniciativa»); e, por fim,esta «quadratura circular» cumpre-se, uroboricamente, na «Morte e Regresso» da Alma Portuguesa em F. P. e na Natureza como «Mar» e «Ilha» e «Instinto de Infância» e apelo às origens órficas e à figura Mítica da «Mãe como forma arquetípica de «equilíbrio» e «acolhimento». Por sua vez, o Dr. A. Mora defende esse «retorno» a partir de um «Programa» preciso e bem delineado, desde logo, tendo por base uma «Theoria dos Deuses. O que são os Deuses?» e as próprias «Provas da existência dos deuses.» (LFBT,ORD,II, 217-220). Nestes docs está bem presente o que designaríamos por dimensão fenomenológica e transcendental, quer desse mesmo Paganismo (como escreve num dos fragmentos dos seus «Prolegómenos…», «O Paganismo Transcendental – o ocultismo», LFBT,ORD, II, 241), fazendo-o avançar pela «defesa de Apollo contra Christo», quer, evidentemente, por via de uma reflexão alargada da(s) noções de Natureza, não comonatura naturata, inerte, mas comonatura naturans, dinâmica, em processo, as bases da descoberta do «sentimento naturalista», pois o indivíduo é, essencialmente, uma «realidade natural» e, por isso, como acrescenta no «Programa deAthena»(de que Mora foi o Director), há que fazer frente ao espirito filosófico, «doente»,do kantismo (a partir da elaboração de uma «Contrathese à C.R.Pura de Kant….») e, reformando-o, «reintegrar o Homem na Natureza, sem o tirar da Humanidade» (LFBT, ORD, II, 125). Daí que «os Prolegómenos sejam um ataque ao Christianismo» e «Os Fundamentos uma defesa do paganismo»(LFBT, ORD,II, 237). Neste episódio,áudio de um Seminário que leccionámos, reflectiremos sobre tudo isto, demonstrando, quer particularmente, com base nos documentos existentes no espólio, quer a partir das suas articulações filosóficas, o sentido de todo este «programa» pessoano que, evidentemente, toma a «Natureza» por reflexão fundante e fundamental. (Nota: Os textos-base são do no nosso último livro/ebook «O Regresso dos Deuses. Fernando Pessoa e o Ideal Neo-Pagão: Edição e Estudo»https://play.google.com/store/books/details?id=8av-EAAAQBAJ).