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サマリー
あらすじ・解説
No coração da discussão sobre as desigualdades raciais no Brasil, a pesquisa da professora Jacqueline Sinhoretto se destaca por lançar luz sobre o policiamento ostensivo em Minas Gerais e São Paulo. Este episódio do Hextramuros Podcast é uma continuidade da série sobre "Questões Raciais na Segurança Pública e Justiça Criminal no Brasil", na qual a convidada compartilha suas descobertas sobre como a influência do cor da pele afeta no tratamento policial. O diálogo se aprofunda nas estatísticas sobre os mortos em ações policiais, enfatizando que, embora esses dados sejam os mais confiáveis, ainda carecem de uma investigação mais detalhada para melhorar a qualidade das informações. A pesquisadora argumenta que a falta de uniformidade nos registros policiais e a ausência de dados sobre abordagens dificultam a compreensão do racismo institucional nas forças de segurança.
Saiba mais!
- ARTIGO
Eu preciso dizer que não é um tema fácil de investigar, as relações raciais no Brasil, embora seja um país racista, embora seja um país que a gente vê que todas as estatísticas econômicas, de emprego e escolaridade etc. sempre vão mostrar o privilégio branco e a desigualdade com que os negros são tratados! É a posição no mercado de trabalho, a posição na escola, a posição nos locais de habitação, as doenças, enfim, todo lado que você vai olhar as estatísticas sociais a respeito das nossas relações raciais vão mostrar o prejuízo da população negra em relação às políticas públicas, ao mercado, enfim, ao conjunto das relações sociais. Contudo, a nossa tradição cultural nega a existência do racismo e ela, por outro lado, considera o racismo um crime. Desde os anos 50, o racismo é crime! Existem as leis aí que foram criminalizando, cada vez mais, tipos de situações em que o racismo se manifesta. E se você perguntar para qualquer pessoa, em qualquer situação, a respeito do racismo, a manifestação das pessoas sempre vai ser de dizer: "nossa! Que horror! racismo é crime! Sou contra racistas!" Então, as pessoas que estudam relações raciais no Brasil costumam fazer uma brincadeira que o brasileiro é uma pessoa antirracista, mas que é cercada de racistas por todos os lados! Então, diz assim: Você se considera uma pessoa racista? Não! De jeito nenhum. O racismo é crime. Longe de mim! Deus me perdoe de ser racista, porque o racismo é uma coisa horrível e tal! Mas, você conhece pessoas racistas, não? Sim! Você já presenciou situações em que houve piadas racistas, dizeres racistas, conflitos em relação a isso? Ah, sim, claro! Muitas vezes, as pessoas falam até de pessoas próximas e que manifestam características racistas e que estão muito próximas. Então é muito curioso a maneira como a gente lida com as relações raciais no nosso país, porque é um paradoxo! Ao mesmo tempo, a gente reconhece que existe o racismo, que o racismo é prejudicial, que as pessoas negras são prejudicadas pela existência do racismo, mas, por outro lado, a gente tem muita dificuldade de olhar mais a fundo essas questões e fazer uma autoanálise e reconhecer aonde e quando nós mesmos estamos tendo atitudes dessa natureza! E os policiais não são diferentes do conjunto da população! Só que a diferença é que é bastante difícil a gente entrar nos meios policiais para fazer um estudo de natureza social! A escola é muito mais permeável à pesquisa, o setor de saúde é muito mais permeável à pesquisa. E, infelizmente, hoje, a gente ainda encontra muita resistência a fazer pesquisa nos meios policiais! Você precisa de muitas autorizações, existem sempre muitas barreiras de acesso nas organizações policiais, principalmente nas organizações militares! Existe um grande controle, uma tentativa de controlar a imagem que as corporações querem passar de si mesmas. Então, por isso,...